segunda-feira, julho 24, 2006

memórias desportivas - Nélson Piquet



Quando em 1981, Nélson Piquet terminou o GP dos Estados Unidos completamente esgotado, sem forças para se levantar do carro, mas radiante pelo ponto de vantagem que o separava de Carlos Reutemann, muitos foram os críticos do brasileiro, atribuindo ao fantástico (mas pouco fiável) turbo da Brabham a vitória no Mundial. Foi o primeiro campeão ao volante de um motor turbo, mas foi necessário esperar até 1983 para ver uma nova vitória do brasileiro, mais uma vez pela diferença mínima de dois pontos, desta feita sobre Alain Prost. As crispações entre Bernie Ecclestone (o dono da Brabham) e Nélson Piquet eram, então, evidentes, tanto mais que, em 1984, o segundo piloto da Brabham (Fabi ou Winkelhock) pouco o ajudou na luta com os insuperáveis McLaren. No final de 1985, a ruptura foi quase natural, uma vez que os Brabham haviam perdido a sua hegemonia, e Nélson foi aliciado pelas grandes escuderias do momento. Na luta pelos seus serviços, Frank Williams levou a melhor, mas logo então se desenhou um novo confronto entre Piquet e o ídolo da Williams, Nigel Mansell. E, se 1986 foi o ano azarado, a época seguinte voltou a compensar o brasileiro com mais um troféu, garantido apenas na última prova, ante... Mansell. Quando a imprensa internacional atribuiu ao brasileiro o "Troféu Limão" destinado ao piloto mais antipático da Fórmula 1, esqueceu-se talvez das constantes comparações de que Nélson Piquet foi alvo ao longo da sua carreira, comparações essas que nem sempre lhe fizeram justiça. Desde mau discípulo de Fittipaldi e José Carlos Pace a cópia imperfeita de Ayrton Senna, Piquet teve de superar todos os estereótipos. É certo que nunca foi um piloto compreensivo para com o papel dos "media", sobretudo quando estes não respeitavam a sua vida privada, escrevendo sobre as suas belas companhias, bem como os seus avultados investimentos. Mas, na pista, Nélson foi dos pilotos mais exuberantes da Fórmula 1, numa década em que grandes nomes se bateram simultaneamente... Da Brabham, saiu para a Lotus em 1988 e, dois anos mais tarde, foi acolhido pela Benetton, onde permaneceu, sem grande sucesso, até 1991. Saiu da Fórmula 1 pela porta pequena, pese embora os seus três títulos mundiais e a sua marca de GP disputados (204), ainda hoje a quarta melhor de sempre. Dos tempos em que se inscrevia nas provas como Nélson Piket para o pai não desconfiar ou em que quase foi tenista profissional, guarda a intacta paixão pelo automobilismo. Ao ponto de, em 1997, ter ainda aceite disputar as 24 horas de Spa-Francorchamps...

Abraço

Romeu

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