quarta-feira, julho 11, 2007

CIÊNCIA ANDA ATRÁS DA MAGIA DE HARRY POTTER



No quinto filme da série baseada nos livros escritos por J.K. Rowling, Harry Potter e a Ordem da Fénix, que se estreia amanhã em Portugal, há uma cena em que vários dos feiticeiros que vivem no mundo mágico paralelo ao nosso vão apanhar o Metro em Londres. À entrada, fazem comentários elogiosos a algumas das invenções dos humanos que não têm poderes mágicos, caso das máquinas que lêem automáticamente os bilhetes e os passes nas estações: "Engenhosos, estes Mug- gles!", exclama o Sr. Weasley.Os Muggles que pasmam ante os feitiços executados pelos magos de várias faixas etárias nos filmes de Harry Potter (não digam a ninguém que não é magia verdadeira mas sim efeitos especiais de computador, senão estragam o prazer a milhões de espectadores e tiram o sentido a este artigo...) ficam desde já informados que a nossa ciência está a fazer o melhor que pode para emular os espantosos passes de mágica de Potter, Dumbledore, Voldemort e companhia, mobilizando legiões de investigadores. Quem o diz é o jornalista inglês Roger Highfield, editor de Ciência do diário The Daily Telegraph, que no seu livro The Science of Harry Potter: How Magic Really Works, foi à procura de exemplos da investigação dos nossos dias que pretendem fazer cair a barreira entre ciência e magia. (Não foi o cientista e autor de ficção científica Arthur C. Clarke que escreveu: "A tecnologia no seu estado mais avançado torna-se indistinta da magia"?).Como escreve Highfield num artigo em que sintetizou alguns dos aspectos do seu livro, "é com satisfação que comunico que a ciência Muggle está a chegar rapidamente cada vez mais perto dos estranhos fenómenos das maldições, feitiçarias e encantamentos". Seguem-se quatro exemplos entre os vários recenseados pelo jornalista.Apaga-memóriasQuando lançam o feitiço apagador de memória baptizado Obliviate, os alunos da Escola de Magia de Hogwarts apagam a memória e as recordações daqueles aos quais ele é dirigido. Pois Richard Highfield informa que um estudo do Dr. Andre Fenton e da sua equipa da Universidade de Nova Iorque mostra que o apagamento de recordações de longo termo no cérebro é "um facto científico". Como? Através da eliminação de uma molécula que é parte fundamental do mecanismo que ajuda a manter as memórias vivas no cérebro. O Dr. Fenton e a sua equipa já conseguiram apagar uma memória que tinha ficado armazenada no cérebro de um rato durante um mês e permitia ao animal evitar os choques eléctricos. A descoberta será usada para tratar desordens como o stress pós-traumático ou a epilepsia, entre outras. InvisibilidadeHarry Potter tem uma capa mágica que lho permite. Uma equipa liderada por Sir John Pendry, do Imperial College de Londres, mostrou, através de um modelo de computador, como uma "capa virtual" poderia funcionar fazendo as ondas luminosas flutuar à volta de um objecto. Essa capa seria fabricada a partir dos chamados "metamateriais", ou seja, cuja estrutura pode ser manipulada a nível atómico para modificar a maneira como interagem com as ondas luminosas. Tal objecto não teria reflexo nem sombra. Regenerar o corpoQue tal um nariz novo para Lord Voldemort? Harry Potter, esse, viu crescerem-lhe os ossos de um braço que foram tirados por Gilderoy Lockhart graças a uma poção chamada Skele-Gro. No mundo real, a Prof. Ellen Heber-Katz, do Winstar Institute de Filadélfia, descobriu que os buraquinhos que fez nas orelhas de um rato de laboratório tinham desaparecido um mês depois. O tecido havia-se regenerado. sem deixar qualquer cicatriz. Nunca nada semelhante havia sido visto num animal destes. Os investigadores agora procuram detectar as combinações genéticas que estão na base do fenómeno. Conseguir voltar a fazer crescer dedos e até membros é o sonho de Heber-Katz. AntigravidadeA NASA, as Universidades de Sheffield e de Manchester, o CERN, em Genebra, e os Centros de Pesquisa da Áustria, entre outras entidades, estão a trabalhar no equivalente das vassouras dos feiticeiros do mundo de Harry Potter, para poderem permitir a qualquer ser vivo ou objecto libertar-se das leis da gravidade, e não apenas aos aviões, foguetes e afins. Um investigador austríaco foi até inspirar-se na ciência da série O Caminho das Estrelas para elaborar modelos que lhe permitam simular a almejada antigravidade Mas como diz diz o Dr. Brian Cox, da Universidade de Manchester, "não espero tão cedo ir a flutuar de Manchester ao CERN".

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